Baba yaga e Vassalisa - I Parte


Ando meio ausente da vida de meus amigos por causa do trabalho, mas saibam, meu amados, que não esqueço de vcs jamais.
Ká, minha florzinha, adoro seus comentários aqui nas Teias... aprecio deveras a tua opinião, que é sempre bem-vinda.
Desculpas sinceramente dadas... vamos ao conto :)

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Baba yaga e Vassalisa - I Parte

Havia uma bela menina chamada Vassalisa que vivia com seus pais num lar muito pobre, porém feliz.
A vida ia tranquila e simples, quando no oitavo inverno da menina, a tristeza e a morte cobriram a casa da jovem com seus escuros véus, levando a mãe da bela menina.

A pobre mãezinha, ainda moribunda, chamou-a em seu leito e, com amor, entregou à triste menina uma pequenina boneca de madeira, juntamente com a seguinte orientação:

- Estas são minhas últimas palavras, minha filha querida. Siga-as com atenção. Se você precisar de ajuda, pergunte à boneca e ela lhe dirá o que fazer. Guarde-a sempre consigo. Nunca fale sobre ela a ninguém e alimente-a sempre que ela tiver fome.

Vassalisa cresceu ao lado de seu querido pai, tendo sempre por perto a sua querida boneca, que guardou como um rico tesouro e a alimentava sempre.

Preocupado com Vassalisa que ficara sem mãe tão cedo, e sempre a vendo, tão sozinha, conversar com uma boneca de madeira, decidiu casar-se novamente, afim de dar uma nova mãe a sua filha amada.

A nova esposa tinha duas filhas da idade de Vassalisa. Era uma bela mulher, porém mesquinha, cheia de inveja e ciúme. De imediato não gostara da menina, pois perto dela suas duas filhas mais pareciam borrões feios na parede.

Na ausência do pai, a mulher e suas invejosas filhas tratavam Vassalisa como serva, impungindo-lhe duras tarefas e desprezando-a por sua simplicidade. A doce menina, com inocência e esperança que algum dia fossem gostar dela, sempre obedecia e cumpria todas as tarefas.

Certa vez, a madrasta quis dar um fim em Vassalisa e apagou o fogo que havia em casa, obrigando a pobre moça a buscar uma fagulha com a Baba Yaga, a bruxa que vivia na floresta.
A madrasta sabia que se Vassalisa fosse até a bruxa, esta a devoraria facilmente e seu plano estaria consumado.

Vassalisa, com toda inocência e doçura do mundo, entrou floresta adentro, levando consigo sua pequenina boneca.
Na medida em que andava, a floresta tornava-se cada vez mais escura e ela só conseguia ouvir o estalar dos gravetos pisados.
Amedrontada, a jovem segurou firmemente a boneca que estava no bolso do avental. A bonequinha, vendo o desespero de Vassalisa, disse para que ficasse tranquila, que tudo sairia bem. Sentindo-se mais segura, seguiu em frente. A cada bifurcação, a boneca dava as orientações para chegar até a casa de Baba Yaga.

Vasalisa, depois de tanto caminhar, fez uma parada para alimentar a bonequinha com pedacinhos de pão. Quando de repente...

Tchammmm... tcham tchammmm... só no próximo post... :) rsrsrs

Baba yaga



Uma figura do folclore do leste europeu. Importante figura no imaginário desse povo, ela está presente em muitos contos tradicionais, no caminho de Vassilissa, a bela, ou do destemido Príncipe Ivan.

Quase sempre se tem a visão de que Baba-Yaga é uma temível bruxa, mas nem sempre foi retratada dessa forma.
Antes da Era Cristã ela era retratada, também, como grande conselheira ou a guardiã de muitos segredos.

Sua aparencia é um tanto "assustadora" para quem não está acostumado. Ela é muito velha e tem nariz de gancho. É muito magra, a ponto de seus ossos aparecerem debaixo de sua pele, e tem os olhos chamuscados, como carvão em brasa.
Vive em uma cabana no meio da floresta. Uma cabana um tanto quanto curiosa, que descança sobre grandes, amarelos e escamosos pés-de-galinha, que andam sozinhos ao seu comando. As cavilhas das portas e janelas são feitas de dedos, mãos e pés humanos e a tranca é uma boca com dentes pontiagudos. A cerca que fica ao redor da cabana é feita de caveiras e ossos humanos.

Baba Yaga voa, para onde quer, dentro de um almofariz* de prata, muito veloz. E o rastro de cinzas que deixa pelo céu, rapidamente a danada vai apagando com sua vassoura.
Algumas pessoas dizem que se alimenta de ossos humanos moídos em seu pilão, mas há quem diga que ela também come criancinhas.

Possuidora de muita sabedoria, é senhora da Vida e da Morte, e também é dona do Dia, da Tarde e da Noite, representados por três cavaleiros:

O Primeiro é um Cavaleiro Branco, que cavalga um Cavalo Branco, e se chama Dia;
O Segundo é um Cavaleiro Vermelho, que cavalga um Cavalo Vermelho, e se chama Tarde;
O Terceiro é um Cavaleiro Negro, que cavalga um Cavalo Negro, e se chama Noite... Claro!

Baba yaga é assustadora e temida, pois quem a procura é obrigado a entrar na escuridão, a deixar o mundo da lógica e do conforto.

"Ajuda os puros de coração e devora os impuros".



*vaso de madeira, metal, pedra, vidro...onde se pisa, esmigalha qualquer coisa com o pilão
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Bem, no próximo post escreverei um conto sobre ela...
Espero que tenham realmente apreciado...

A Mulata de Córdoba

A Mulata de Córdoba - Parte final

Na noite antes de sua excecução Mulata gentilmente pediu ao carcereiro, que passava por sua cela, um pedaço de carvão. O homem ficou confuso, mas como era o pedido de uma pessoa que logo estaria morta, ele fez sua vontade.

De manhãzinha, no dia em que ela iria ser executada, o carcereiro foi visitar sua cela novamente e se viu espatando com o que vira. A moça havia feito um desenho de um grande navio na parede de sua prisão. Surpreso e ao mesmo tempo curioso ele disse:

- Mulher, porque gastas seus ultimos momento com tamanha besteira. Ajoelha-se e arrependa-se de teus pecados antes que seja tarde.

Mulata apenas sorriu e lhe perguntou docemente:

- Bom dia querido carcereiro, me farias a gentileza de dizer o que falta em meu navio?

Ao que o homem responde contrariado:

- Mulher, por favor, se te arrempenderes agora não irás morrer. O que falta ao seu navio certamente é o mastro.

- Se um mastro lhe falta, um mastro ele terá!


O carcereiro foi embora, levando em seu coração uma grande confusão. Não conseguia entender os designios de Mulata.

Ao meio-dia, o carcereiro voltou à cela e viu admirado o grande navio, mas agora com o mastro que antes lhe faltara.

- Querido carcereiro, o que falta agora ao meu navio?

Perguntou a enigmática e linda mulher.

Porém, mais uma vez ele a disse, quase em desespero:

- Mulher que se vê em desgraça, salve tua alma, implore o perdão daqueles que te julgam. Porque me perguntas algo tão obvio? Está claro que ao navio faltam as velas.

- Se as velas lhe faltam meu querido, velas ele terá!

Mais uma vez o carcereiro foi embora, completamente intrigado com aquela mulher, que na certa já estava tomada pela loucura, pois em suas últimas horas de vida gastava seu tempo desenhando.

A Tarde veio, e assim a hora de Mulata ser excecutada tbm. Com toda a praça preparada para sua morte, o carcereiro foi busca-la em sua cela, carregando em seu semblante muita tristesa.
Ela o aguardava, bela e sorridente. Uma pedra preciosa e brilhante ao meio de tanta feiura e sujeira. Mais uma vez, com toda a gentileza, ela perguntou:

- Querido, o que falta agora ao meu navio?

O homem, com uma agonia enorme respondeu quase aos gritos:

- Mulher não percebes que irás morrer e sua alma enviada ao inferno, reza para que tua alma seja recebida por Deus Nosso Senhor e arrepende-te dos teus pecados. A este navio, a única coisa que falta é navegar, está perfeito!

A Mulata, mais bela e doce do que nunca respondeu:

- Pois se vc, meu querido, tanto o deseja, o meu navio navegará!

Sob o olhar em choque do carcereiro, um vento frio e veloz invadiu a cela, e mais veloz que o vento Mulata saltou para o navio, que começou a se mover lentamente e depois a toda vela, levando com ele a poderosa e bela feiticeira.

O homem ficou imovel, gelado e tremulo. Seus olhos se arregalaram e sua boca se arregaçara. Mais tarde o encontraram em estado deplorável, encolhido num canto da cela rezando sem parar.

A Bela feiticeira nunca mais foi vista, a não ser no sonhos daquele pobre homem, aterrorizado pelo poder e enorme beleza, vista naquela tarde que nunca mais esqueceria.